terça-feira, 9 de março de 2010

Doar-se.

Qual seu bem mais precioso?

"Meu emprego", dirão alguns.
"Minha família", dirão outros.
E talvez até alguém arrisque um "meu dinheiro".

São coisas que você pode doar?
Sinceramente? Não, não pode. Doar o seu dinheiro é algo como esmola, como ter "piedade" do outro. E não é o que precisam os tão necessitados.

De que são necessitados então?
De tempo. De amor. De solidariedade. De empatia.

E essas sim, são coisas que podemos doar.
Seja com "abraços grátis" numa tarde movimentada. Quem sabe se aquela menina cabisbaixa que você abraçou estava só precisando disso? Um carinho, um calor humano, um olhar generoso.
Seja com brincadeiras e um faz-de-conta pra quem não tinha mais esperanças na idade mais bonita da vida. E o "felizes para sempre" passa a ter uma outra cor e um novo sentido.
Um dedinho de prosa e um agasalho faz toda diferença pra que não tem teto, refeição, esperança.
Ou uma tarde de músicas e lembranças doces e leves daquela época que parecia que não voltaria nunca... e agora está aí, com lanches, carinhos, sorrisos e o bom e velho violão.

Sorrisos, abraços, mãos dadas... Gestos simples que fazem a diferença.
Pra eles, pra vocês, pra nós.
Então... por que não?

É só dar as mãos... Vamos?

Reciclar a palavra,
O telhado e o porão;
Reinventar tantas outras
Notas musicais.

Escreever um pretexto,
Um prefácio e um refrão
Ser essência muito mais.

Ser essência muito mais
A porta aberta, o porto,
A casa, o caos, o cais.

Se lembrar de celebrar muito mais.


Deixa que nesse verão/primavera/outono/inverno fazemos sol, muito sol!


Beijo,
Ana.




domingo, 7 de março de 2010

Inicio 06/03/2010

Bom três caras.

Mochila nas costas, entram em um ônibus, rumo ao centro de Belo Horizonte, na mochila uns sanduiches. Não sabiamos o que iriamos encontrar, pessoas, história trágicas, revoltas contra a sociedade, contra Deus.

Personagens caricatos, e surreais.

1º Dona Dirce: Frases desconvexas sem sentido, um saco de latas de cerveja e refrigerante, uma bengala, quando chegamos um olhar desconfiado, perguntamos se ela gostaria de um sanduiche, ela aceitou, mas como tinha muita necessidade de ser ouvida, contou sua história sofrimento em uma cidadezinha do interior, criação rigida de um pai-mosntro, revolta contra Deus, contra tudo e todos. Coração partido " Ele era bonitão como você tinha um cavalo branco.." olhos cheios de lágrimas. Um retrato da falta de esperança. Saimos chocados e atordoados.

2º Israel: Deitado debaixo de uma marquise, chovia uma chuva fina, um cobertor pequeno, o chamamos, pele negra olhos esbugalhados de medo e desconfiança, nos apresentemos tocamos em suas mãos, lhe demos os sanduiches, ele deu um meio sorriso, nos indicou onde poderiamos encontrar mais pessoas, e fomos notei seu olhar enquanto nos afastavamos.

3º Edmílson: Em baixo de outra marquise na Avenida Afonso Pena, com um carrinhos de supermercado, camiseta vermelha, barba para fazer perguntamos se poderiamos conversar um pouco, ele mais timido, aceitou os lanches guardou um. Disse que era baiano, que veio tentar a vida, falou do seu grande amor, que estava lhe esperando talvez nos seus sonhos, ou recordações reais ou misturadas com suas fantasias. Não quis tirar uma foto, " minha imagem não ".

4º Sr Milanês: 60 anos, olhos profundos e cheio de dor e remorso, " Estou nas ruas a 1 ano, aprontei todas, era um boêmio, perdi minha familia ( olhos marejados ), perdi tudo meu filho, nas ruas não temos amigos, não temos ninguém , nem somos vistos como gente. Preciso de uma calça, você pode me dar. Disse q vou trazer.

5º Ronaldo! jovem de um sorriso largo veio sorrindo ao nosso encontro, disse meu é Ronaldo, mas não sou o fenômeno, rindo nascido em Pedro Leopoldo, sorriso honesto, latinhas de baixo do braço, " Sempre estou sorrindo, escolhi isso " Já tenho dinheiro do almoço amanhã, e agora vocês me deram o café. Estou grato por isso, mas preciso de uma calça 42, só tenho essa cara. O Paulo prontamente se propõe a levar, ele agradece muito, com um sorriso, que nos anima a continuar, mesmo fazendo tão pouco, sentimos que a maior doação, não foi os lanches, mas sim o tempo. Os apertos de mão.

Até a próxima.